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ICMBio mente ao negar nossa existência no nosso território sagrado e ao mesmo tempo lança edital de concessão florestal

Foto Alessandra Korap

Na assembleia que teve no médio Tapajós, a gente falou frente a frente para o ICMBio que nós é que somo os protetor da nossa terra. A gente sabe o que é o trabalho do ICMBio nessa área. A área que eles chamam de Flona I e II. Ela não é Flona, é nossa terra, nossa mãe!

Somos daqui, somos filho dessa terra, que o nosso deus Karosakaybu deixou pra nós. O trabalho do ICMBio era pra manter a floresta viva e na verdade não está fazendo esse trabalho. A gente viu tanta destruição nessa volta toda da autodemarcação. A garimpagem tá lá, os palmiteiros estão no Jamanxim. O ICMBio não está fazendo o trabalho dele. Está deixando destruir nossa terra. Então queremos que vocês retirem essas placas.

Essa terra é Daje Kapap não é Flona. A gente não considera isso Flona. Tem que tirar essas placas. Nós vamos botar as placas do Daje Kapap que é nossa terra, nossa mãe. A gente está aqui, a gente está mantendo a proteção.

Vocês estão colocando as placas de vocês para dar o sinal onde vai ser a destruição na floresta. Nós temos autonomia e o direito de defender nosso território. Nós queremos que vocês retirem essas placas. A gente vai continuar defendendo esse território enquanto a gente estiver vivo e firme.

Saiba mais MPF pede suspensão da concessão das florestas nacionais Itaituba I e II

Campanha Munduruku: financiamento coletivo para autodemarcação

AJUDE O POVO MUNDURUKU EM SUA LUTA POR RESPEITO AOS DIREITOS INDÍGENAS

Te oferecemos aqui uma maneira de unir forças com os índios Munduruku, para defender o seu território sagrado na floresta Amazônica, e assim o seu modo de vida. Apoie a campanha de financiamento coletivo para participar diretamente no processo de fortalecimento da autonomia do povo Munduruku.

CAMPANHA DE FINANCIAMENTO COLETIVO

O governo brasileiro está planejando construir um grande número de barragens hidrelétricas nos rios da Amazônia, destruindo a biodiversidade e interrompendo o modo de vida de milhares de indígenas e outras populações locais. Agora que as obras da gigante barragem de Belo Monte, no rio Xingu, estão a todo vapor, o governo está avançando com o seu próximo grande projeto – uma série de barragens no rio Tapajós.

Porém os mais de 12.000 indígenas Munduruku, conhecidos como guerreiros, vivem nessa região e estão se mobilizando. Atualmente, seus esforços tem se focado em um processo autônomo de demarcação da terra Munduruku, iniciativa tomada após 13 anos de espera de um posicionamento da FUNAI.

Esta luta conta com o apoio de cinco grupos, que com linguagens e metodologias diversas, expandem o discurso em favor da autonomia indígena. Através da união das organizações Munduruku “Iperêg Ayû”, “Da’uk” e “Pahyhyp”, e parceiros como a produção do documentário “Índios Munduruku: Tecendo a Resistência” (MiráPorã), e o coletivo “Amazônia em Chamas”, esta campanha foi elaborada para fortalecer a saga de um povo pelo direito de permanecer na sua terra.

O QUE PRECISAMOS

Esta campanha visa captar recursos para alcançar três objetivos principais:

Objetivos listados de acordo com a prioridade.

1) Apoiar o processo de auto-demarcação do território DAJE KAPAP EYPI – I`ECUG`AP KARODAYBI (transporte e alimentação de 30 indígenas);
2) Legalizar duas associações Munduruku: “Da’uk” e “Pahyhyp” (gastos legais, transporte e acomodação de 6 indígenas);
3) Traduzir e dublar o documentário “Índios Munduruku: Tecendo a Resistência” e o acervo de vídeos do “Amazônia em Chamas” para a lingua Munduruku; e distribuição deste material;

META ADICIONAL

Dar início à construção de um portal que converga toda a produção comunicacional acerca da luta Munduruku.

MAIS INFORMAÇÕES EM: Campanha Munduruku

PARA APOIAR A CAMPANHA: Munduruku Campaign

Documentário mostra resistência índígena à hidrelétricas no Tapajós

publicado em 18 de novembro, 23:55. Originalmente em:

Indio é Nois

“Indios Munduruku: Tecendo a Resistência” é lançado nesta semana no Brasil e na Inglaterra. Etnia luta contra construção de usinas na bacia do rio, no Pará, e ainda não tem terras demarcadas.
No oeste do Pará, índios da etnia munduruku tecem cestos e entrelaçam resistência contra a construção de hidrelétricas ao longo do rio Tapajós. “O povo munduruku é muito guerreiro. Luta por justiça de uma maneira muito nobre, tentando dialogar. Está tecendo uma resistência e enfrentando a situação de forma pacífica”, diz a documentarista Nayana Fernandez.

A brasileira de 33 anos percorreu aldeias da tribo indígena ao longo do rio Cururu, afluente do Tapajós, para registrar a luta dos munduruku contra um complexo hidrelétrico. O projeto prevê a construção de mais de 20 barragens na bacia do Tapajós, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O resultado das filmagens é o documentário Índios Munduruku: Tecendo a Resistência, lançado nesta semana no Brasil e na Inglaterra, simultaneamente. A produção independente contou com o apoio de organizações britânicas e de lideranças da etnia munduruku.

“Por que tirar o que nos resta? Todo esse Brasil era da população indígena”, questiona um dos entrevistados. “A gente costuma dizer que esse é um projeto de morte”, diz outra indígena.

Nayana conheceu os índios munduruku em setembro de 2013, quando acompanhou uma jornalista inglesa ao norte do país para identificar focos de resistência contra grandes obras federais.

Sensibilizada com a tradição da tribo indígena, Nayana voltou à bacia do Tapajós em fevereiro deste ano com a ideia do documentário. “A construção das usinas vai mudar quem eles são e industrializar um ambiente indígena tradicional”, diz.

A documentarista se lembra da filmagem de uma audiência pública sobre o projeto, que contou com a vigilância de homens do Exército. “Foi uma situação muito tensa. A audiência foi inteiramente em português e as perguntas deveriam ser feitas por escrito. A maior parte dos munduruku não sabe escrever. É um povo de cultura oral”, conta Nayana.

Para “conseguir as imagens mais doces, do tecer e das crianças”, ela teve que se aproximar lentamente para ganhar a confiança dos índios munduruku. “Existe uma preocupação com o tipo de material que será feito. Historicamente, muita gente filma e depois some, ganha dinheiro com a imagem dos índios sem trazer nenhum resultado.”

Autodemarcação

Em setembro, índios munduruku iniciaram a autodemarcação da terra indígena Sawré Muybu, entre os municípios de Itaituba e Trairão, no oeste do Pará, a poucos quilômetros da área prevista para a construção da usina de São Luiz do Tapajós. Eles cercam o território ocupado historicamente pela etnia de forma independente.

Uma carta divulgada pela tribo nesta segunda-feira (17/11) aponta que as tentativas de demarcação foram frustradas após uma série de negativas da Fundação Nacional do Índio (Funai).

“Nesses 30 dias da autodemarcação, já caminhamos cerca de 7 quilômetros e fizemos 2,5 quilômetros de picadas. Encontramos 11 madeireiros, três caminhões, quatro motos, um trator e inúmeras toras de madeira de lei às margens dos ramais em nossas terras”, diz a carta.

A equipe de produção do documentário, associações locais e o movimento Munduruku Ipereg Ayu pretendem criar uma campanha de financiamento coletivo para fortalecer as ações da etnia indígena, com a criação de uma associação e o apoio à autodemarcação das terras.

O documentário Índios Munduruku: Tecendo a Resistência está disponível na internet em português e inglês.

Fonte: O Povo

“Ele é um canalha” – Liderança Munduruku responde entrevista de Gilberto Carvalho

O Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela ponte entre o Planalto e os movimentos sociais, Gilberto Carvalho, concedeu uma entrevista para BBC, na qual fez um balanço dos últimos quatro anos de mandato de Dilma Rouseff.

Na entrevista divulgada segunda-feira (10), Gilberto Carvalho defendeu o uso da Força Nacional de Segurança para reprimir protestos contra a construção da usina de Belo Monte e disse que  a mesma postura pode ser adotada no rio Tapajós, no Pará, onde há planos de erguer mais hidrelétricas nos próximos anos.

O ministro disse que no caso das hidrelétricas do Tapajós existe uma equipe do governo na região tentando implementar a convenção 169, mas há sabotagem por parte de entidades para que isso não aconteça.

Ademir Kaba, professor, sociólogo e liderança Munduruku do Movimento Ipereg Ayu, leu toda a entrevista de Gilberto Carvalho e denuncia: “Ele é um canalha. O que ele está falando é o que ele diz desde quando ocupamos Belo Monte em 2012. Isso daí não é novidade pra gente. O que o governo brasileiro está fazendo é a mesma coisa que faz há mais de 500 anos. Mas tudo bem, a luta fica melhor assim. Vamos seguir existindo e resistindo por mais 500 anos”.

Os Munduruku estão há um mês abrindo pontos no meio da mata fechada e demarcando por conta própria a terra indígena Sawré Muybu, no médio Tapajós, próximo de Itaituba. O território, de pouco mais de 178 mil hectares, está localizado a poucos quilômetros do local previsto para sediar a usina de São Luiz do Tapajós, de 8.040 megawatts.

No último dia 5 os indígenas divulgaram um comunicado no qual criticam a postura do governo em querer restringir a participação de lideranças em uma reunião sobre consulta prévia. Os indígenas denunciam a mudança do local da reunião em cima da hora e dizem que só aceitarão dialogar novamente com o governo após a demarcação da TI Sawré Muybu.

Leia abaixo a entrevista de Gilberto Carvalho concedida à BBC.

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